O envio missionário dos “doze”

O envio missionário dos “doze”

Por Ir. Márcio Bezerra, NJ*

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O trecho de Lc 9,1-6 nos apresenta a narrativa do envio dos doze. Segundo o relato, Jesus chama os “doze” para serem instrumentos e anunciadores do Reino de Deus. E acordo com o pensamento bíblico, a vinda desse Reino traz consigo sinais que o manifestam, por isso vemos que os discípulos têm autoridade sobre os demônios, podem curar as doenças e os enfermos, quer dizer, eles participam da autoridade de Jesus.

Esse poder, dado por Jesus, é um dos sinais do Reino. Não simplesmente por ser milagre ou por derrotar os demônios, mas porque o Reino de Deus acontece em qualquer ação humana que tenha como objetivo libertar os seres humanos da escravidão e da miséria. Assim, vemos que uma das grandes marcas de Jesus é trabalhar em prol da libertação de tudo aquilo que oprime o ser humano, seja o que for. Sabendo que a prática de Jesus deve ser o ponto de partida da prática cristã, os cristãos são chamados a participar da missão do Filho: libertar os seres humanos de tudo o que os oprime. Ser sinal do Reino no meio dos povos.

Todavia, essa não é uma missão simples. Exige do seguidor de Jesus um desprendimento radical. Sendo que este Reino tem como objetivo primeiro os mais pobres. O discípulo deve estar disposto a igualar-se aos mesmos, deixando de lado suas seguranças, seja física (representada no cajado que servem também para se proteger dos perigos das estradas) ou de subsistência (representada no pão, sacola e dinheiro que pode ser convertido em alimento). Assim vemos que os “doze” são inseridos por Jesus na pobreza de seus dos que ouvirão a Boa Nova, por isso eles (e também nós) são convidados a se abandonarem à Providência divina: Deus proverá tudo aos seus.

A radicalidade dessa pobreza está no fato de que devem contar com a rejeição, quer dizer, o Reino fica exposto ao risco do fracasso, pois alguns o rejeitarão. É interessante essa observação de Jesus, pois muitas vezes nos questionamos e reclamamos de que o trabalho não tem frutificado, que são poucos os que participam de nossas comunidades, grupos etc.

Entretanto isso não pode ser motivo de tristeza ou de desistência. Infelizmente estamos marcados por isso sociedade positivista na qual o que importa é a quantidade, mas precisamos voltar à essência do cristianismo e recordar que tudo começou com um pequeno grupo de pessoas simples de um pequeno povoado. O Papa Francisco nos lembra que temos que nos preocupar mais com a qualidade de nossos fieis do que com a quantidade. Bons cristãos, mesmo que em pouca quantidade, produzem bons frutos e fazem o Reino acontecer. Que assim seja!

 

*Membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Graduado em Filosofia pela Faculdade Católica de Fortaleza (FCF) e graduando em Teologia pela Faculdade Jesuíta de filosofia e teologia (FAJE).

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