Condições de um verdadeiro discípulo de Cristo

Condições de um verdadeiro discípulo de Cristo

Por Ir. Jackson C. Silva, NJ*

jesus e multidão

O trecho de Lc 14,25-33 apresenta paralelos com os outros dois evangelhos sinóticos (Mc 8,34-38 e Mt 10,37-39). Ambos mostram as características e os desafios do verdadeiro discípulo de Jesus Cristo.

O início da leitura já apresenta que “grandes multidões acompanhavam Jesus”, o que nos faz perceber a ideia de seguimento. Percebendo isso, Jesus adverte que tipo de seguidores ou discípulos ele quer. O primeiro passo para o discipulado é o encontro. Ou Jesus chama, como fez com o grupo dos doze ou os discípulos e as demais pessoas vão ao encontro Dele. Sendo profundo e verdadeiro, esse encontro necessariamente repercute na vida de quem está com Ele e não mais permanece o mesmo.

Por mais que o Mestre convide à renuncia e ao desapego dos familiares, isso jamais pode ser sinônimo de dor e tristeza, mas fruto de uma verdadeira alegria de tê-lo encontrado. Desapego ou amar menos os familiares não pode jamais ser interpretado como ato de irresponsabilidade de largá-los e deixá-los abandonados quando mais eles precisam pelo nome de Deus. Muitos inclusive utilizam as inúmeras atividades da igreja alegando estarem seguindo Deus e fogem das responsabilidades com a família. E mesmo os missionários, padres e religiosos que necessariamente devem deixar família para viver sua vocação longe de casa, em momento algum devem deixar de rezar por eles, ou quando precisarem, numa enfermidade ou outra dificuldade mais extrema, deixar de ampará-los. O mais importante é que todos devem amar Deus sobre todas as coisas, estando Jesus no centro de sua vida!

Outra característica do verdadeiro discípulo de Cristo é “carregar sua cruz e caminhar atrás” Dele. “Carregar a cruz” não pode ser interpretado como sinônimo de sofrimento, chegando até muitas vezes ser banalizada: “essa é minha cruz pesada!”. Ela é sinal de redenção e libertação e por isso carregá-la é assumir o caminho de redenção e libertação com e em Jesus. Consequentemente e essa é a principal característica de qualquer discípulo: caminhar sempre atrás do Mestre. Em ambos os Evangelhos aparece isso, sendo que em outras passagens eles ainda acrescentam o termo “negar-se a si mesmo” (Mt 16,24; Mc 8,34; Lc 9,23). Caminhar atrás do Mestre implica negar-se a si mesmo, ou seja, não impor nossa vontade e não querer prosseguir do nosso jeito, chegando até mesmo a maltratar os irmãos que estão conosco.

Além disso, podemos até estar convictos de que estamos constantemente segurando a mão de Jesus.  Entretanto, ao invés de deixá-lo nos guiar e nos conduzir por sua mão, queremos arrastá-lo para as veredas que achamos melhor, estando nós no controle. E como temos uma visão curta e limitada, nem sempre escolhemos os melhores caminhos e acabamos nos cansando e querendo desistir do seguimento.

Portanto, assim como um construtor e um rei que antes de levar adiante seus projetos, pensam em suas exigências, podendo inclusive renunciar todas suas estratégias (como Jesus exemplifica em Lc 14,28-32), o discípulo de Jesus é chamado a renunciar tudo o que tem para segui-lo. E essa renúncia (posição, poder, status, bens, etc) jamais deve ser interesseira visando o que se ganhará em troca. Mas, sendo uma oferta incondicional e gratuita, ela já é a resposta do amor e da gratuidade do Mestre e fruto do seu encontro especial conosco.

 PARA REFLEXÃO:

  1. Estamos deixando Jesus ser nosso Mestre ou estamos constantemente querendo ocupar seu lugar em nossa vida?
  2. Quais os desafios do discípulo de Jesus em um mundo tão competitivo em que todos buscam ocupar os melhores lugares?
  3. O que precisamos renunciar para que de fato nosso grande Mestre esteja sempre ocupando seu lugar especial e central em nossa vida?

 

* Membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Licenciado em Física pela UFC e em Filosofia pela UECE. Graduando em Teologia na FAJE-BH e pós-graduado em Formadores para Vida Religiosa no ISTA-BH. Contato: irjackson.nj@gmail.com

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