Fundamentos da Evangelização da Igreja no mundo

Fundamentos da Evangelização da Igreja no mundo

Por Ir. Jackson C. Silva, NJ*

evangelizar

            A fé e a evangelização da Igreja tem fundamento no Deus Uno-Trino. Deus, que desde o início caminha com seu povo, envia seu Filho, fazendo-se carne e habitando entre nós (Jo 1,14) sendo assim verdadeiro mediador entre Deus e os homens. Ungido pelo Espírito Santo, Jesus Cristo, proclama a Boa Nova, restaura os contritos, liberta os cativos e devolve a visão aos cegos, restituindo o que estava perdido (Lc 4,18; 19,10).

Cumprindo sua missão, o Senhor envia os apóstolos para dar continuidade ao anúncio da Boa Nova da salvação a toda criatura, fazendo discípulos de todas as nações (Mt 28,19s). E assistindo-os até o fim dos tempos, envia o Espírito Santo que os impele a pregar e a seguir com intrepidez o que o Senhor prescreveu. Assim, desde os primeiros discípulos, a Igreja recebe e exerce seu papel missionário, assim como, sendo corpo de Cristo-Cabeça, também envia os fiéis batizados a anunciar o Evangelho até os confins do mundo.

ministerio de evangelização

            Por mais que a encíclica Evangelii Nuntiandi do Papa Paulo VI defina evangelização como “anúncio de Cristo àqueles que o desconhecem, de pregação, de catequese, de batismo e de outros sacramentos que hão de ser conferida” (EN, n. 17), ela apresenta sua complexidade em seus variados elementos. Desse modo, o anúncio da Boa Nova aponta para uma mudança interior que torna nova toda a humanidade, sem deixar de perpassar suas culturas. Mas de que forma isso acontece?

Em um mundo tão desigual, sobretudo no contexto Latino Americano permeado de pobreza, miséria, desigualdade social e violência, o testemunho é imprescindível. Ele já é uma “proclamação silenciosa”, “valiosa” e “eficaz” que irradia “a fé em valores além dos valores correntes” (EN, n.21). Mas quais são esses valores? “Aproximação afetuosa, escuta, humildade, solidariedade, compaixão, diálogo, reconciliação, compromisso com a justiça social e capacidade de compartilhar, como Jesus o fez” (Documento CNBB 100, n. 186). Não foi assim no início através da vida dos apóstolos (At 2,42-47)?

É claro que o testemunho deve “ser esclarecido e justificado” através de um autêntico anúncio explícito a fim de não se tornar impotente com o passar do tempo. Por mais que o amor a Deus e ao próximo seja a máxima cristã, ela aponta e tem fundamento na pessoa de Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado que enviado pelo Pai e sob a ação do Espírito Santo tornou isso possível a todos nós. Desse modo, “uma fé sem testemunho e querigma ficaria reduzida a práticas de culto e religiosidade sem propor mudança de vida” (CNBB 100, n.188).

Entretanto, para que o anúncio, presumido de testemunho, atinja sua completude, ele deve ser “ouvido, acolhido, assimilado” apontando para uma “adesão do coração” (EN, n. 23). E isso se repercute na transformação de vida, encarnando-se o Evangelho no cotidiano, podendo gerar posteriormente abertura às atitudes sacramentais como: entrada na comunidade, ou seja, “adesão à Igreja e aceitação dos sacramentos que manifestam e sustentam essa adesão, pela graça que eles conferem” (EN, n.23).

Uma vez evangelizado, ou seja, tido a experiência de Jesus Cristo Crucificado e Ressuscitado que desemboca na comunhão da comunidade, é impossível não segui-lo, testemunhá-lo, anunciá-lo. Desse modo, necessariamente deve brotar um ardor missionário de sair de si e ir ao encontro do outro.

SIGLAS

AG – Ad Gentes

EG – Evangelli Gaudium

EN – Evangelii Nuntiandi

DAp – Documento de Aparecida

AA – Apostolicam Actuositatem

CNBB 100 – Documento da CNBB 100 – Comunidades de comunidades: “uma nova paróquia”

 

* Membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Licenciado em Física pela UFC e em Filosofia pela UECE. Graduando em Teologia na FAJE-BH e pós-graduado em Formadores para Vida Religiosa no ISTA-BH. Contato:irjackson.nj@gmail.com

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